«O rapaz começou a subir a duna lentamente. O céu coberto de estrelas, mostrava de novo uma lua cheia; tinham caminhado durante um mês pelo deserto. A lua iluminava também a duna, num jogo de sombras, que fazia com que o deserto parecesse um mar cheio de ondas, e que o rapaz se lembrasse do dia em que soltara livremente o cavalo pelo deserto, dando ao Alquimista o sinal que ele esperava. Finalmente a lua iluminava o silêncio do deserto, e a jornada que fazem os homens que buscam tesouros.
Quando, depois de alguns minutos, chegou ao topo da duna, o seu coração deu um salto. Iluminadas pela luz da lua cheia e pelo branco do deserto, erguiam-se majestosas e solenes as Pirâmides do Egipto.
O rapaz caiu de joelhos e chorou. Agradecia a Deus por ter acreditado na sua Lenda Pessoal, e por ter encontrado certo dia um rei, um mercador, um inglês e um alquimista. Sobretudo, por ter encontrado uma mulher do deserto, que lhe tinha feito entender que o Amor jamais vai separar o homem da sua Lenda Pessoal.
Os muitos séculos das Pirâmides do Egipto contemplavam, do alto, o rapaz. Se ele quisesse, podia agora voltar ao oásis,pegar em Fátima, e viver como simples pastor de ovelhas. Porque o Alquimista vivia no deserto, mesmo compreendendo a Linguagem do Mundo, mesmo sabendo transformar o chumbo em ouro. Não tinha que mostrar a ninguém a sua ciência e a sua arte. Enquanto caminhava em direcção à sua Lenda Pessoal, tinha aprendido tudo o que precisava, e tinha vivido tudo que tinha sonhado viver.»
O Alquimista, de Paulo Coelho, sabe fazer o caminho, e no fim o destino, o sítio para onde se caminha já é irrelevante. O que conta é a viagem.
Carlos M. Gomes
quinta-feira, 30 de dezembro de 2004
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