A boçalidade dos meus concidadãos não pára de me arrasar. Hoje, ia eu no metropolitano de Lisboa, quando se sentou a meu lado um indivíduo, aí com perto de 50 anos, a falar em voz alta com o seu amigo que se sentou em frente. A conversa começou logo por «qualquer dia dou-lhe um carolo de mãos abertas para sentir as unhas no cérebro!» Tudo bem. Pensei. É um gajo agressivo a falar em bater noutro. Mas a conversa continuou. «Ela põe-me em brasa e depois leva nos cornos.» Afinal bate na mulher, concluí. «No outro dia, estava lá em casa a irmã dela -- da mulher -- quando ela -- a mulher -- começou a armar-se em grande para mim. Disse-lhe: "Olha, tens os chinelos ao contrário!". Ela baixou a cabeça e levou logo um abrunho nos cornos. A outra não disse nada. Se dissesse, tinha de a pôr na rua!» Fiquei impressionado, não por saber que ainda há mulheres que aturam grunhos destes, mas porque ele contou aquilo numa composição cheia de mulheres do femininismo. Ninguém disse nada.
Felizmente os dois indivíduos saíram nas Picoas e o ambiente ficou mais desanuviado. As mulheres todas, medrosas, ficaram a morrer de medo do tipo. Parecia que tinham sido elas a levar os «abrunhos» ou os «carolos de mãs abertas para cravar as unhas no cérebro». Mal por mal, acho que prefiro ir de carro a levar com os tugas amantes da faixa do meio nas auto-estradas. Pelo menos não os ouço...
Carlos M. Gomes
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005
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