quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Os portugueses

O metropolitano de Lisboa é um viveiro de situações. Hoje, sentou-se à minha frente um homem, aí com os seus 40 anos, todo vestido de ganga roçada, com um camisolão velho, de cor verde, por baixo do blusão. Com todo o ar de quem tinha terminado o seu trabalho, tomado um banho e vestido as roupas repetidas de sempre. Sentou-se. O Metro arranca e o indivíduo sacou de um telemóvel de última geração. Um anacronismo, como se um homem da idade da pedra andasse com um relógio de pulso da Seiko. Desde o Saldanha até ao Senhor Roubado navegou pelo menus sem bem perceber para que é que servem as suas potencialidades. Nem fez um jogo ou escreveu uma mensagem.
Claramente, aquele foi o "high-light" do seu dia: mostrar perante os outros que tem um telemóvel de última geração. Típico dos portugueses. Têm uma casa de largos milhares de contos, mas depois não têm dinheiro para a comida e chegam a não ter para pagar a referida casa. Têm um carro último modelo, mas está estacionado à frente do prédio, porque não têm dinheiro para o combustível. Vâo de férias para sítios exóticos... e pagam a crédito. Mas sentam-se a falar com os amigos e dizem: «A minha casa é um espectáculo, o meu telemóvel tem tudo e é pequeno, as minhas férias foram o máximo e estou a pensar em comprar um BMW dos novos...» E os outros que tais, invejam o seu amigo.
É assim! Somos um povo pouco inteligente, com a mania das grandezas e muito invejoso, que prefere ter a ser...

Carlos M. Gomes

1 comentário:

Anónimo disse...

Tens toda a razão.
Só acho que a marca do relogio deveria ser outra, uma mais fashion.
Como hipotese dou-te a Tommy Hilfiger.