quinta-feira, 24 de abril de 2008

Outro Olhar

Olhar português
Por Carlos Matos Gomes
Jornalista
http://www.suburbanu.blogspot.com/
Caro leitor, nesta página da Revista Brasil vou tentar ser um advogado de Portugal. Vou contar tudo o que saiba sobre o meu país, sobre o Brasil, sobre as suas diferenças e no que eles se transformam quando se misturam...
Na crónica deste mês vou falar das relações laborais entre portugueses e brasileiros, dando a minha opinião em relação àquilo que observo. Sendo Portugal um país de emigrantes, estranho um pouco que haja tanto preconceito quanto à questão de aceitar os imigrantes no nosso país, pelo menos teoricamente. E digo teoricamente porque ouço muitas vezes dizer que os brasileiros vieram roubar postos de trabalho aos portugueses, mas a realidade é que vieram preencher muitas das vagas que de outra forma quase ninguém queria, sobretudo na restauração, na construção civil e outras actividades menos desejadas pelos portugueses. E é ver e ouvir os emigrantes do outro lado do oceano a trabalhar em restaurantes, cafés, esplanadas, obras, estafetagem, publicidade, etc. O leque de opções para os brasileiros tem vindo a alargar, sendo sinal de vigor da comunidade que vai ganhando espaço nos meios laborais portugueses, alargando os seus campos de acção, estabelecendo laços, criando raízes.
Claro que esta situação não agrada a muitos lusitanos, que se queixam que os brasileiros trabalham por menos dinheiro, mas também dizem o mesmo em relação a imigrantes de outros países, não é nenhuma perseguição exlusiva. E acontece também com os portugueses quando saem do país para ir trabalhar para fora. Portanto, é uma atitude que não se compreende, nem ceita. Apesar de achar que há algum preconceito, julgo que não ultrapassa o limite do razoável bom senso e algumas bocas menos felizes em determinadas situações. No fundo, creio que a maioria dos portugueses reconhece a falta que a comunidade imigrante faz a Portugal, especialmente a brasileira.
A concorrência no mundo do trabalho é saudável e desejável, pelo que a relação entre portugueses e brasileiros no mercado de trabalho nacional tem que ser encarada assim mesmo. Vai sempre haver quem se queixe disto ou daquilo nesta situação, mas os imigrantes são necessários e têm todos que ser bem vindos ao nosso país, desde que cumpram com as leis e tenham a humildade de se adaptarem a uma realidade diferente da do país de origem.

domingo, 13 de abril de 2008

Jantar em casa dos Paivas

Comeu-se bem e o pastel é um espectáculo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um Olhar novo


Olhar português*
Por Carlos Matos Gomes
Jornalista
http://www.suburbanu.blogspot.com/
Caro leitor, nesta página da Revista Brasil vou tentar ser um advogado de Portugal. Vou contar tudo o que saiba sobre o meu país, sobre o Brasil, sobre as suas diferenças e no que eles se transformam quando se misturam...
Falar de Portugal para quem cá está vindo de outras paragens é tarefa complicada, pois poderei cair algumas vezes na tentação de ser juiz em causa própria. No entanto, mesmo correndo este risco, aceito de bom grado explicar o meu país na medida das minhas limitações. Poderia começar por falar do clima ameno, dos muitos quilómetros de costa que temos, onde tantos brasileiros e brasileiras se instalaram para sentirem mais perto o outro lado do oceano. Também podia apelar para as raízes comuns que a história – boa ou má – se encarregou de deixar em dois países tão afastados, mas sempre próximos por força dos achamentos de 1500. Mas optei por, nesta primeira crónica noutros moldes e noutro fulgor da Revista Brasil, enveredar por algo que portugueses e brasileiros têm em comum, embora com estilos muito distintos: o gosto por comunicar.
Nos dois lados do Oceano o gosto por falar, por contar, por dizer é muito grande e isso é uma ligação comum que temos, que não podemos mandar fora. É certo que nós portugueses somos mais cinzentos, menos expressivos em quase tudo. Mas também é verdade que conseguimos coisas maiores que nós mesmos, criando espaço e condições para que todos os que cá estão, assim como para os que vêm. Temos a humildade de aceitar a alegria que vem do Brasil, seja através do futebol, das novelas ou da música. Estes são os três maiores temas em comum entre os dois países, com vantagem para o Brasil que exporta mais do que importa. No final, as contas dizem que todos ficamos satisfeitos, porque num curto rectângulo como o mapa português conseguimos proporcionar uma variedade muito grande, utilizando a mistura entre o samba brasileiro e o fado potuguês.
Podemos, às vezes, viver em países diferentes, mas a grandeza da alma não conhece fronteiras. Vou falar de Portugal para você e pergunto, por que é que é bom viver aqui? Não conheço resposta curta para caber numa página. Vou ter a oportunidade de o fazer durante os próximos tempos junto consigo, neste espaço que é seu através de mim. Além das pistas que dei no início deste texto, deixo aqui outra sensação que tenho: o povo lusitano ainda é dos mais simpáticos e afáveis desta Europa cada vez mais fria nos relacionamentos, embora sonhe com o calorzinho humano que nós vamos aqui tendo. E tanta cor tem ganho Portugal com a vinda de gente diferente, mais alegre, mais de bem com a vida, mesmo a trabalhar muito para a ganhar!


*Crónica publicada na Revista Brasil, em Fevereiro 2008, num novo lançamento da publicação a nível nacional. Com este texto chega ao fim o espaço «Estórias que me contaram» na mesma publicação. Em breve sairá uma compilação desses textos já publicados.