quinta-feira, 26 de abril de 2007

Ainda bem que a poesia não tem religião, só fé!

Resposta do poeta Adónis, candidato a Nobel da literatura, em entrevista ao El País, indagado sobre se a poesia foi/é uma arma do islamismo:
«Los poetas hasta ese momento tenían la verdad, pero a partir de entonces perdieron su posición. El islam cargó por primera vez la poesía de ideología, y quiso ponerla a su servicio. Los poetas y críticos de aquel momento estuvieron en contra del sometimiento. Un gran crítico de la época dijo que si la religión influye en la poesía ésta acaba en nada. La gran poesía es laica.»

quarta-feira, 25 de abril de 2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

Salazar deve estar satisfeito...




Há dias a Câmara Municipal de Santa Comba Dão resolveu impedir uma romaria à campa de Salazar para assinalar a data do seu nascimento, 28 de Abril de 1889. Parece-me uma medida anti-democrática e sintomática do que parece ser, aos poucos, a substituição de uma ditadura por outras mais pequenas e mais dificeis de controlar. Esconder que Salazar existiu é o mesmo que os alemães quererem camuflar Hitler, o que fizeram durante muitos anos com visíveis repercussões nas mentalidades das gerações seguintes que sentiram um vazio inexplicável. Na teoria da psicologia dos povos não se pode apagar uma memória por má que seja, mas sim aprender a lidar com a mesma por forma a causar o menor estrago possível. Mas cá no burgo em vez de se dar uma lição de democracia, permitindo que um grupo de pessoas se exprima livremente, resolveu-se fazer um tributo ainda maior ao alvo da hostilidade. Isto é, agiu-se como no tempo de Oliveira Salazar. Deve estar satisfeito na sua campa em Santa Comba Dão ao ver que os seus mandamentos ainda perduram sob uma patética fachada democrática. É que a democracia é a liberdade de expressão sem pôr em causa a dos outros. O debate de ideias tem disto, opiniões diferentes, divergentes, diametralmente opostas. E é difícil aceitar outra opinião que não a nossa? Salgueiro Maia e companhia acharam que não. «A revolução faz-se para que tu e outros como tu não tenham de sair do país para se poderem exprimir!», disse o militar a Adelino Gomes, jornalista, quando este o indagou sobre os motivos do que estavam a fazer naquele 25 de Abril de 1974.
P.S. - Afinal, mudaram de ideias, o que me parece bem: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=273200

Cada vez mais próximo


O sol a três dimensões
Um azul marinho de morte
E nós cada vez mais sabichões
Sempre à procura do Norte

Faz hoje 25 anos que nasceu o Spectrum 48 K. Vinha para o trabalho de manhã quando ouvi na rádio os sons inconfundíveis dos jogos, em cassetes, a "entrar". Demoravam dois a cinco minutos e era uma lotaria. Mas quando entravam, era uma festa e podia durar horas. Gostva muito do Sabateur, do Chuckie Egg e do Matchday. Aqui fica um link para quem quer matar saudades num jogo on-line: http://ultratech.no.sapo.pt/index.html.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

«Mi Sueño», es tan bueno


Fue debajo de lluvia intensa que compré un sueño, no es mío, pero es de un hombre que soñó.

«Mi Sueño », es de Ibrahim Ferrer, la buena voz de Buena Vista Social Club...

O belo, a arte, o metro, sufocar a poesia

Vivemos com tanta pressa, com tanta sofreguidão para evitar todos os perigos - alguns imaginários - que nem reparamos naquilo que é belo, que pode estar ao alcance de uma mera paragem para fruição. Ignoramos a simplicidade e somos, sobretudo, desconfiados. O que é arte? É, para mim, o que foge ao normal curso do que nos é dado. É algo incontrolável, como a vida, e belo e violento como o amor. Um quadro de Picasso num restaurante é arte? E um urinol nas paredes de uma galeria conceituada é arte? E um violinista famoso a interpretar obras de grandes músicos com um violino raro numa estação de metro é arte? Foi isso que o Washington Post tentou perceber:

«Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas
do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de
Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma
atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal
"Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e
contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um
Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.
Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os
melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi
ostensivamente ignorado pela maioria.
A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição
do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o
jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois,
lentamente, sufocada dentro de todos nós

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Burros e internacionais


Finalmente começamos a fazer uma aproximação àquilo que nos pode ajudar enquanto povo. Já temos a identificação feita do que nos dá reconhecimento internacional, além do Mourinho e do Cristiano Ronaldo. E é o quê? São os burros, algo que abunda na nossa terra. Os jumentos retratados no trabalho são só de Trás-os-Montes, mas o critério utilizado foi o do particular para o geral, o que quer dizer que os asnos de todos o país não se devem sentir excluídos. Fiquei a saber disto nesta notícia publicada no Diário Digital:

Documentário português sobre burros premiado em Budapeste

«A curta-metragem "Onze burros caem no estômago vazio", de Tiago Pereira, filme baseado em histórias com burros no nordeste transmontano, ganhou, no fim-de-semana, em Budapeste, o prémio para o melhor documentário etnográfico europeu, disse hoje à Lusa o realizador. O prémio foi alcançado no Festival Dialektus de Budapeste, que se realiza na Hungria desde 2002, tendo em competição documentários e filmes antropológicos e que este ano decorreu entre 10 e 14 de Abril.»

terça-feira, 17 de abril de 2007

Xutos... da vida

«Sim!, disse o leitor encantado, é sensato, é genial, compreendo-o e admiro-o. Eu próprio pensei cem vezes a mesma coisa. Por outras palavras, esse homem lembrou-me a minha própria inteligência e, por conseguinte, eu admiro-o.»

Coleridge

Perante a vida, existem várias questões que se nos colocam. A música às vezes ajuda-nos a traduzir aquilo que pensamos e foi isso que fizeram hoje os Xutos durante a minha exasperante seca profissional. Aqui fica um "medley" de letras:

Se:

«A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca sei um passo
Que fosse correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo»

Mas não desanimo porque há mais sonhadores com esperança:

«Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
À espera que algo aconteça
A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que não tive
Agarrado ás tentações

E quando as nuvens partirem
O céu azul brilhará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará»

Mas para isso tem de se fazer escolhas, nem sempre fáceis:

«Tempo que perdes sem decidir
Tempo que gastas sem arriscar
Espaço que te foge das mãos
As coisas que deixas passar

Sai p'ra rua, sai p'ra rua

Deixa o rebanho, pára de pastar
Esquece o conforto do lar»

E se a decisão for partir:

«Adeus vida atinada
Dos horários e das bichas
E das gripes do inverno
E do suor do verão
Adeus vida atinada

Adeus às praias
Cheias de gente
E um beijo p`ra quem fica

Adeus vida atinada
Ter de dormir sete horas por dia
Ir para o trabalho e ainda é de noite
Sempre o mesmo a todas as horas
Adeus vida atinada
Das mil maneiras de passar fome»

É ir e não olhar para trás:

«A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás»

Meramente uma hipótese académica com alguns contornos de realidade.

O beijo


Ela chora descompassadamente, com as lágrimas a inundarem-lhe de sal a cara com os traços tristes. Um beijo atenua-lhe toda a dor, fá-la sentir de novo a regressar a vida. Ruboriza ligeiramente enquanto uma mão quente lhe afaga com carinho a face, puxando-a de encontro aos seus lábios que funcionam como porto seguro no meio da tempestade de lágrimas que continua. Perdem-se de vez num longo beijo, cheio de tudo o que a vida tem. Olham-se com cumplicidade e entendem que se amam. Dura há pouco mais de dez segundos este beijo; podia ser dado às claras, mas o pudor e o preconceito alheio impedem estas duas mulheres de saírem detrás da coluna de uma arcada comercial que as protege dos olhares mais perniciosos. É pena que assim seja!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Ю́рий Алексе́евич Гага́рин


Yuri Alieksieievitch Gagarin foi o primeiro homem a visitar o espaço cósmico. Media 1.57 m para caber no minúsculo cubículo da Vostok 1, a nave que o levou no dia 12 de Abril de 1961. Com a cabeça no espaço disse que «a Terra é azul» e desde aí que o nome de baptismo colou. O planeta azul continua cá e na mesma cor!

Se fosse cá, caíria o Carmo e Trindade do Minho a Timor cheio de hipócritas que não se sabem rir de assuntos sérios

O comediante Ricky Gervais no seu melhor. Vale bem os oito minutos e vinte e cinco segundos. Este vídeo chegou ao meu conhecimento através do Corpo Dormente do Bruno Nogueira:

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Os sonhos, esses sonhos

De uma vez só o sonho esfumou-se e não chegou a virar-se para o sol. Escolheu mal o lado e deitou-se na sombra, secou e foi misturado na terra. Desapareceu e foi fazer de matéria para outros sonhos que se esperam mais exequíveis, menos problemáticos e, contudo, mais aliciantes. Sonhou com ela e teve medo. Escolher mal foi o melhor que fez.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Falar ou não falar, eis a questão!

Por que é que pessoas estranhas se cumprimentam quando estão frente a frente num elevador? Ou despedem-se quando chega o seu piso, mesmo não tendo dito nada na entrada? Talvez porque não aguentam o silêncio que pode ser longo e embaraçoso, pois é contra natura dois humanos num espaço exíguo sem verbalizarem. Talvez tenham medo de que se não falarem o outro lhes adivinhe o pensamento, que até pode ser comum.
Por mim, sinceramente, prefiro o silêncio perante desconhecidos, mesmo em espaços apertados. Mas tenho dúvidas que seja o mais correcto...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Cordial na bicicleta, besta no automóvel!


Há uns dias fui andar de bicicleta com um amigo - começou a minha temporada nas duas rodas. Fizemos 45 quilómetros cheios de curiosidades, além de suor e de esforço. Mas durante este percurso cheguei a uma conclusão: devíamos andar todos de bicicleta no dia a dia. Não houve um ciclista que tenha passado por nós com quem não tenhamos trocado coriais saudações. Também se cedeu a passagem em caminhos estreitos e houve entreajuda noutras situações. Todos foram civilizados. Mas a verdade é que quando entramos dentro do carro transforma-mo-nos em autênticas bestas buzinadoras, refilonas e muitas vezes mortais. Aqui fica o meu pedido: sejam criadas condições para que muitos mais utilizem a bicicleta em detrimento do automóvel no quotidiano. Ganhávamos todos!

Viver tudo em 31 anos...

Ontem, dia 8 de Abril, completei 31 anos. Uma idade que, sinceramente, nunca pensei ter. O puto que eu fui, quando imaginava esta idade, já tinha tudo feito, sonhos sonhados, vidas vividas, viagens viajadas... Mas a verdade é que ainda há tanta coisa por fazer. Como é que um dia um puto imaginou viver a vida toda em 31 anos ou menos?!
O meu aniversário teve ainda uma coincidência cristã. É que foi domingo de Páscoa e foi festejada pelos quatros cantos do mundo católico a ressurreição de Jesus Cristo, que aos 33 anos enveredou por uma vida mais etérea. Só para registar este facto.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Ainda há ardinas!


Pensei que já não houvesse ardinas em Lisboa, tendo em conta que os jornais são comprados em quiosques, papelarias, etc. Mas afinal há e são 300. E mais, têm uma associação! E têm uma guerra com os distribuidores de jornais gratuitos. Mas não são estes últimos aquilo o mais próximo da ideia romântica de ardina que consiste basicamente em miúdos andrajosos, descalços, sujos e inocentes que subiam as ruas com um molho pesado de jornais ainda com fôlego para gritar as manchetes dos jornais? José Matias, o responsável da associação de ardinas, em declarações ao Diário Digital, disse que não: «Não são ardinas e nem sequer os aceitamos como sócios, só as pessoas que têm quiosques legalizados ou que trabalham por conta de outrém nesses quiosques é que são aceites!» E vais mais longe ao dizer que os distribuidores de jornais gratuitos estão «numa situação de ilegalidade».
Polémica à parte, a verdade é que hoje vi dois ardinas no Saldanha a distribuir o que me parecia um jornal, se bem que do oitavo piso de onde me encontrava não consegui ver o título. Mas também pode ter sido um golpe publicitário a aproveitar a credibilidade que os jornais ainda vão tendo. Mas o que conferia àqueles miúdos o ar de ardinas eram as vestes todas em tom de azul, com um boné enfiado até às orelhas e um saco lateral com os ditos jornais. Além da vontade de dar um a todos que passavam. Uma imagem um pouco mais polida do que supracitei, mas igualmente eficaz. Acho que a imagem de um miúdo descalço e andrajoso não vende bem jornais hoje em dia!!!
E ainda há outros ardinas, os que apregoam na internet. Aqui ficam dois tipos que são produtos de uma empresa chamada Dom Digital e que não pagou nada por esta publicidade:
1 – O "ardina.referral" permite a qualquer pessoa assumir o papel de ardina e vender conteúdos de 20 jornais portugueses na internet, recebendo em troca uma comissão, que pode ir até aos vinte por cento. Estes "ardinas" vendem vários produtos, inclusive assinaturas online, em papel, e merchandising.
2 – O "ardina.payments" é um outro produto que se destina a empresas de conteúdos e informação. Este serviço serve para facilitar o pagamento de conteúdos que os sites disponibilizam. Os pagamentos podem ser feitos através de cartão de crédito, MBnet e transferência bancária.

terça-feira, 3 de abril de 2007

E agora?

Uma pergunta pertinaz e que deixa adivinhar algo... algo que não sei explicar por não ter vivido ainda. Uma dúvida que fica e persiste até se desfazer. Como uma ascensão inexplicável, sem nada a temer. Fica a dúvida no ar...

Carlos M. Gomes