quarta-feira, 28 de novembro de 2007

ESTÓRIAS QUE ME CONTARAM


“Deiam alguma coisinha à ceguinha”*

O Natal é uma época do ano que gera os mais bizarros e contraditórios sentimentos nas pessoas. Há quem o viva de uma forma apaixonada, decore a casa com fervor, faça doces em catadupa, procure as melhores prendas. Por outro lado, há também aqueles para quem o espírito natalício é desprovido de sentido. Ora porque estão sozinhos, ora porque são forretas e não lhes apetece andar a entrar em consumismos exagerados, ou muito simplesmente estão a passar uma má fase na sua vida.
E no meio disto tudo há sempre quem se aproveite para pedir mais, para esmolar, para evidenciar desgraças a troco de dinheiro. É normal vermos pedintes por toda a Lisboa, mas nesta altura do ano multiplicam-se, sobretudo nas estações do metro.
É sobre um destes pedintes que tenho uma estória para contar. Entre as desgraças mais comuns para evidenciar a troco de dinheiro está a cegueira. Toda a gente tem pena do ceguinho, coitadinho! Sabendo disso, os cegos percorrem as carruagens do metro pedindo dinheiro. Há os que vão sozinhos, há os que vão em casais. Mas há uma senhora que opta pelo método mais simples. Fica no topo das escadas da saída de uma estação central de Lisboa com a mão estendida, sempre a dizer: «Deiam qualquer coisinha à ceguinha!» A senhora já é entradota em termos de idade, com muitas rugas, mal vestida, com falta de asseio, etc. Devo confessar que a figura já quase me levou a dar-lhe umas moedas, mas sempre hesitei e nunca o fiz.
Um destes dias percebi porquê. Saí mais tarde de trabalho, entrei no metro e não vi a senhora que tenho vindo a falar no seu lugar do costume. Estava mais abaixo a dobrar a cadeira onde costuma estar sentada, colocando-a debaixo do braço, arrumando o dinheiro sacado aos papalvos e a estugar o passo. Sem qualquer tipo de auxílio normal para um cego. Estranhei, mas podia ser do hábito. Ela foi para a plataforma contrária à minha e aí caiu-lhe a “máscara”, pois estava a consultar o mapa do metro e a ver, sim a ver, os bilhetes que tinha no bolso. Afinal, não é cega! E é mais um contributo para eu continuar a não dar esmolas a pedintes. Há o mito de que muitos têm vidas boas, mas que preferem a humilhação a ter de trabalhar. Esta não sei se tem uma vida boa, mas utiliza uma deficiência ilegitimamente, enganando as pessoas. Se quem tem um olho em terra de cegos é rei, então esta que tem dois o que será?

Carlos Matos Gomes


*Texto publicado na Revista Brasil de Dezembro

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Sou um bocadinho open minded...

You Are 56% Open Minded

You are a very open minded person, but you're also well grounded.
Tolerant and flexible, you appreciate most lifestyles and viewpoints.
But you also know where you stand firm, and you can draw that line.
You're open to considering every possibility - but in the end, you stand true to yourself.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

ESTÓRIAS QUE ME CONTARAM

O amor não tem mesmo tradução*

Com o frio de Novembro convém que algo nos aqueça a alma, nos derreta o espírito e nos transporte para temperaturas mais amenas ou mesmo muito quentes. Assim sendo, falemos de sentimentos, de amor, amizade, paixão ou outros que sejam. Falo de muitos sentimentos porque tenho alguma dificuldade em perceber a estória que conto este mês somente sob a perspectiva de um. Eu acho que o que explica o que se passou, e passa, é amor. Mas neste caso o amor é lindo, ou é f….. como escreveu em livro o Miguel Esteves Cardoso? Depende de quem lê.
As coisas passaram-se assim: Havia uma cabeleireira de um bairro dos subúrbios de Lisboa que andava infeliz com a vida. O trabalho era mau, o pagamento ainda pior, o namorado tratava-a mal, sentia-se perdida. Decidiu arranjar um escape para tudo isto. Começou a navegar na Internet à procura nem bem sabia do quê. Alguém, que não eu, informou-a de que havia uns sites sociais que promoviam o encontro entre pessoas, nem que fosse só virtualmente. Inscreveu-se em alguns, criou perfis, começou a ter amigos novos, entrou noutra etapa da sua vida triste.
Digamos que a sua “second life” era mais interessante que a primeira. Passadas algumas semanas de reconhecimento, de trocas de mails, de grandes conversas com um amigo virtual aconteceu-lhe o que já não é novidade para quem costuma andar nestas lides: ganhou vontade de conhecer a pessoa por trás do outro teclado. E assim foi, arranjou coragem, encontrou-se com ele e gostou. Trocou de namorado, ficou mais feliz, ganhou sorriso. Tudo como numa estória da Cinderela moderna, mas há um pormenor relevante para que o enredo ganhe outra força: o novo namorado é tetraplégico! Começaram a criticá-la, que não tinha futuro, que a vida ia ser má. Ela fartou-se e fugiram os dois. Não sei onde estão, nem quero saber. Só espero que estejam a viver o seu amor, paixão, amizade e afins com intensidade, com calor e que derretam todo o frio deste Inverno. Os cépticos que vão às malvas e que continuem como as pedras…. frios!

Carlos Matos Gomes

*Texto publicado na Revista Brasil, do mês de Novembro

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Hipocritamente correcto

"Há grande afluência nas saídas das grandes cidades, com muitas pessoas a voltarem aos seus pontos de origem para verem os seus entes queridos", disse um agente da GNR num noticiário da Antena3 na quinta-feira, dia de todos os santos. Fiquei, mais uma vez, espantado com a capacidade eufemística dos nossos guardas. Aquilo foi uma forma escusadamente eloquente de dizer que as pessoas aproveitaram para ir à terra. E parece que a maioria tem só familiares no Algarve!!! Adiante, que o hipocritamente correcto é uma merda.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Dias assim

E depois há dias, demasiados dias de esperança fútil, sem qualquer outro fito que não seja o de ir paliativamente atenuando o conformismo mais que certo. São dias estéreis, acabados em si, uma mera formalidade da vida que não pára com as suas inspirações, expirações e expiações. Há, claro, um desejo de morte momentânea, uma pausa infantil, como uma criança faz quando parte um jarro da mãe e fecha os olhos, fazendo de conta que tal não aconteceu, na esperança de que o jarro se reconstrua.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Foi do tamanho das gargalhadas que dei!

No sábado fui ver a última apresentação - para já - do espectáculo de stand-up comedy do Bruno Nogueira: sou do tamanho do que vejo e não da minha altura...
O altíssimo comediante encheu cerca duas horas com uma performance notável. E só bebeu um copo água. Brincou com os problemas em África, com Fátima, com Deus, com os famosos que são-no só porque o são e mais nada, com a estupidez lusitana, com notícias de espectáculos de sinais gestuais para cegos (in 24 Horas)!!!! Tudo com muita inteligência. É caso para dizer que ele vê um pouco mais acima dos seus 1,92 m. Ah! E falou de como é difícil subir na vida do espectáculo sem dar o rabo. Acrescento eu que na minha linha profissional acontece o mesmo...

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Rolling Stones, finalmente!!!!!!

Já andava há algum tempo para ir ver os velhos do rock ao vivo. Perdi algumas oportunidades no passado, mas na segunda-feira (25.06.2007) foi de vez. Consegui assistir a um grande espectáculo do Mick Jagger, Keith Richards e companhia, no Estádio de Alavalade. Surpreendeu-me pela positiva a energia de Jagger, a empatia de Richards com o público, o som, a grandiosidade do cenário, o profissionalismo da banda ao fim de mais de 45 anos a trabalhar junta em palco. Gostei de ver a Ana Moura (ao meio na foto do El País), uma fadista que me era desconhecida até àquele dia. Boa voz, generosidade na entrega, num momento musical que deixou a desejar, mas que valeu pelo simbolismo. Resumindo: gostei, e muito.

Aos meus amigos fãs de concertos, tenho a comunicar que já completei a dupla Xutos/Stones. Faltarão outros, mas nunca é tarde...

segunda-feira, 18 de junho de 2007

O fim do mundo no metro com ela a dominar a conversa e sem lhe cair uma maçã na cabeça

O Mundo mudou muito, mas não deve de acabar tão cedo, mesmo com Isaac Newton a prever o contrário em manuscritos. O cientista que ficou conhecido por descobrir a lei da gravidade depois de levar com uma maçã na cabeça quando se sentava para descansar precisamente debaixo de uma macieira previu também o final do mundo para o ano de 2060. É o que se pode ler em documentos seus preservados pela Universidade Hebraica de Jerusalém:
«Numa carta datada de 1704, Isaac Newton, físico e astrónomo inglês especialista em teologia e alquimia, fez um cálculo baseado num excerto da Bíblia, retirado do Livro de Daniel. Segundo o cientista, 1260 anos passariam entre a refundação do Santo Império Romano por Carlos Magno, no ano 800, e o fim dos tempos.» Com esta teoria algo creacionista do final do Mundo, até ponho a lei da gravidade em causa!!!
Mais em terra, ou seja no metro, ouvi como o mundo não acaba mas muda. Conversa entre adolescentes em início de namoro:
Ela: - Dá-me isso que tens na mão.
Ele: - Não! Olha, hoje não me chamaste de amor!!! Se tivesses um teclado à frente já o tinhas feito.
Ela: - ...

Tem piada.

Real Madrid campeón!!! 30 veces...

Real Madrid es campeón y yo estoy muy feliz con eso. Me gustó mucho ver Raúl besar La Cibéles después de un partido sufrido con Maiorca. Con todo, el Madrid consiguió su trigésimo campeonato liguero. El vídeo se va a quedar por aquí hasta siempre.
http://www.youtube.com/watch?v=Bnv3idiYx2o

P.S. - Tom Cruise, el nuevo amigo de Beckham, estuvo en las bancadas aplaudiendo. Es otro nivel la liga en España!

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Parabéns Naranjito!


Passe o lugar comum, é por estas e por outras que noto a idade a passar. O Naranjito, a mascote do Mundial de Espanha 1982, fez 25 anos e a efeméride foi assinalada pelo jornal Marca. Escreveram que Nadal ainda não tinha nascido, Fernando Alonso tinha onze meses e Gasol, dois anos. Gostava de escrever esta frase com desportistas de elite nacional mas não temos um tenista de topo, nem um piloto campeão do mundo de Fórmula 1 ou um basquetebolista a jogar na NBA. O mais parecido com isto que se pode arranjar é uma Neuza Silva (283.ª do ranking mundial de Ténis), um Tiago Monteiro (uma vez terceiro classificado num GP) e uma Ticha Penicheiro (jogadora na WNBA).
Bom, comparações à parte, a verdade é que a pequena laranjinha faz 25 anos. Lembro-me bem dos jogadores que, faziam furor naquela altura: Brasil, com Éder, Zico, Sócrates, Falcão, Júnior, Cerezo; Argentina com Maradona, Kempes, Ardiles; Alemanha com Breitner, Kaltz, Rumenigge; França, com Platini, Tigana, Giresse, Rocheteau. Mas o Mundial foi para a Itália com Rossi, Antognoni, Conti, Zoff. Portugal não foi apurado. Hoje é cabeça de cartaz. Há coisas que mudam para melhor.


P.S. - Lembro-me de um frango do Arconada nesse Mundial; entrei para a escola primária no mês seguinte, foram os melhores e mais frutíferos quatro anos do meu percurso escolar.

Quais afegãos, o Bush tem de estar de olho é nos albaneses e nas suas mãos

O presidente do Estados Unidos foi roubado na visita de Estado à Albânia. No contacto directo com a multidão albanesa ficou sem o relógio. E tudo isto nas barbas de uns quantos men in black da segurança pessoal da Casa Branca. Ambas as diplomacias se esforçaram depois por desmentir esta versão, dizendo que o relógio tinha sido perdido!! Veja-se as imagens e tire-se as conclusões. Primeiro tem o relógio e depois já não:



Será que quem roubou o relógio vai receber um míssil em casa?

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Messi volta a imitar Maradona

Outra vez Messi à Maradona. Já são muitas coincidências apesar do jogador do Barcelona dizer que Maradona há só um!

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Dormir numa Lisboa só!

Dormir no meio de Lisboa é um privilégio raro, mas aconteceu hoje. O dia é de feriado, a maioria dos lisboetas sai da capital à procura de sol algarvio ou afim e as ruas ficam praticamente desertas. Sento-me num banco de jardim em frente à maternidade Dr. Alfredo da Costa, leio um livro, os (poucos) carros passam com um efeito sonoro de embalo, as pálpebras começam a ceder, o corpo deita-se com o livro como almofada. Há algum pejo neste movimento, por vergonha, embaraço ou falta de prática, mas o cansaço tem um efeito desinibador e o sono vence as barreiras do pudor público. Abandono-me a ele durante cerca de trinta minutos. É delicioso e recuperador!
Acordo e sinto-me como Conan o Rapaz do Futuro, com as ruas abandonadas, as estruturas à mercê. Sinto-me abandonado pelas pessoas... É um estranho alívio!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não quero 20 empregos flexiseguros!

Os nossos instintos provincianos disparam para níveis inaceitáveis sempre que vamos aos países nórdicos buscar modelos completamente desfasados da nossa realidade. Primeiro foi o modelo finlandês, agora é o dinamarquês (os latinos da escandinávia!!) aplicado à lei laboral. Claro que é um grande engodo trasvestir uma liberalização completa do mercado de trabalho luso como se fosse o dinamarquês. O "pai" da "flexisegurança", Poul Rasmussen, em recentes declarações à imprensa, explica que os jovens vão mudar de emprego entre 15 a 20 vezes durante a sua vida activa, mas que metade será dentro das mesmas empresas. Adianta ainda que «uma grande parte dos trabalhadores portugueses vai perder o seu emprego e não ter oportunidade de encontrar um novo". E aqui começa o problema é que na Dinamarca a média de tempo que um desempregado espera por outro emprego é de 15 dias, em Portugal é de um ano, para não falar da segurança social que suporta o dinamarquês muito diferente da nossa. Rasmussen assume que a sua solução não é brilhante, mas deixa um conselho: «não se pode competir com salários baixos, mas sim com altas qualificações.»
E digo eu: Ó Rasmussen, nós temos cá um tipo que diz que os salários baixos são uma mais valia competitiva, mesmo para os que têm altas qualificações, assim à laia dos países que estiveram por trás da cortina de ferro. A sorte é que os nossos altos qualificados fogem e depois ficam cá os inúteis para serem ministros e quejandos. E quer aqui apostar, Ó Rasmussen, que vamos ter a sua "flexisegurança" aplicada, mesmo não sendo brilhante, para que as pessoas possam simplesmente ser despedidas quase como escravos, sem direitos nem compensações, para depois andarem um ano ou mais à procura de mais um trabalho flexiseguro!? E quer também apostar que os salários baixos vão continuar em detrimento das altas qualificações?
Mais duas notas finais: Se este ex-primeiro-ministro dinamarquês considera que o seu modelo não é brilhante para a Dinamarca, com níveis de desnvolvimento muito superiores ao nosso, imagine-se a catástrofe se for cá aplicado! E fecho com um aviso: é que se os dinamarquese são conhecidos por serem os latinos da Escandinávia, nós não somos propriamente considerados os nórdicos do sul da Europa. Neste aspecto, devemos estar mais perto do Zimbabué...

terça-feira, 5 de junho de 2007

Joe, o rico que tira aos ricos ou o Robin Hood Causa Invertida dos tempos modernos

Assistimos ao nascimento de mais uma figura inédita no seio da nossa sociedade: o capitalista-populista. A seguir ao voraz político que desce até ao povo, cujo expoente máximo é o "Paulinho das feiras", eis que surge Joe Berardo o capitalista aplaudido pelo povo, o vencedor do grande Raw contra todas as OPA, o lutador infatigável a favor... dos largos milhões embolsados, o verdadeiro Robin dos Bosques dos tempos modernos, que tira aos ricos para ficar ainda mais rico. O homem até chegou a ser ovacionado, quando saiu da reunião que impediu o sucesso da OPA da Sonae sobre a PT, imagine-se!, por sindicalistas! Entretanto lutou contra Jardim "Undertacker" Gonçalves na AG do BCP e voltou a ser recompensado com uma valorização estimada de 210 milhões de euros das suas acções no maior banco privado português. Um dos argumentos esgrimido neste embate foi o meio de transporte utilizado pelo ex-presidente executivo do BCP. Joe não se conformou que ele viesse de jacto privado às expensas do BCP!!! E o povo viu e manifestou-se a seu favor.
Somos realmente pouco coerentes nas nossas (poucas!) manifestações. Ora lutamos contra a precariedade laboral, ora apoiamos um homem que legitimamente faz a sua vida a ganhar dinheiro em especulações bolsistas que muitas vezes redundam em mais despedimentos nas empresas, pois estas têm de agradar aos seus accionistas e estes não podem perder os seus altos rendimentos. Somos assim, diferentes, incoerentes. O único motivo talvez seja a deriva da falta de causas.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Cinzento a querer mudar

Hoje é dia da criança. Também foi o dia em que vi um homem no metro a ler furiosamente enquanto, num óbvio tique nervoso, palitava os dentes da frente com a ponta da unha de um dos mindinhos, fazendo umas derivações pela densa barba que lhe contornava a boca. Também fiquei a saber que o George Orwell morreu na miséria. Continuando nesta linha sem lógica, cada vez mais me convenço que estou no caminho errado, cheio de cinzento...

quinta-feira, 31 de maio de 2007

Greve aos dias bons

Ontem houve greve geral e eu fiz greve aos dias bons. Passo a explicar: para que o bem comum seja salvaguardado - alegadamente - existe o direito à greve, mas este consiste também nalguns deveres como a prestação de serviços mínimos determinados sectores como os tranportes, o que ontem não se verificou. E começou logo aqui a minha greve aos dias bons, pois às oito da manhã estive mais de meia-hora na fila para um transporte alternativo ao metropolitano que afinal não existia! Conclusão: tive de ir de carro para Lisboa. Atalhos, trânsito, atalhos, mais trânsito... O cenário habitual nestas situações. E estacionar em pleno Saldanha? Foi à primeira. Não fosse o moedinhas a pedir o seu quinhão, os "sapos" da Emel - que não fizeram greve - e as coisas até teriam corrido bem. Não dei os habituais 0.5 € ao arrumador, mas tive de pagar o parquímetro e tudo isto sob o olhar complacente de uma dupla policial. Ao longo do dia claro está que tive de ir alimentar a máquina para que não fosse multado e garanto que não saiu barato!
Mas a "pièce de resistance" da minha greve aos dias bons aconteceu quando, às 18h30, saí do trabalho - onde por acaso os sistemas andaram encalacrados o dia todo; julgo serem afectos à CGTP - e vi que tinha uma multa de estacionamento. É que o parque estava pago até às seis, mas tive de ficar mais tempo no trabalho sem possibilidade de vir pôr mais moedas... Resultado: uma multa de singelos quatro euros, mas a verdade é que já tinha gasto cinco/seis euros e a coima da "saparia emelesca" teria sido igual se não tivesse posto moedas. Lição aprendida: mais vale não pagar nada do que ir metendo moedas diligentemente, pois o atraso de pagamento ou a ausência do mesmo são tratados de igual forma. E tudo isto começou no dia anterior quando no trânsito fui ameaçado por um deficiente com uma faca em punho!!!!!!!!!!
Valeu a futebolada nocturna...

terça-feira, 29 de maio de 2007

E vocês?



ESTÓRIAS QUE ME CONTARAM

No nosso dia a dia assistimos às mais diversas formas de discriminação por parte de todos em relação a todos. Não se pense que só as minorias são alvo deste fenómeno social. Há mais a serem discriminados seja pelo que for. Por exemplo, há dias assisti a uma conversa entre uma senhora bem na vida com uma vendedora da revista CAIS de apoio aos sem abrigo. A primeira estava a adquirir uma edição, mas enquanto tirava as moedas da carteira, aproveitou para dar um sermão à indigente e começava assim: «Vocês fazem sempre a mesma coisa. Têm de fazer isto com outra cara, blá, blá...».
A minha atenção ficou no pronome pessoal “vocês”. Parece uma palavra inofensiva, mas deve ser das mais discriminatórias do léxico nacional. A senhora bem na vida utilizou-a, ainda por cima, com um nível de pedantismo acima da média, colocando-se muito distante do “vocês” a quem se dirigia. Sem ser ofensiva directamente, humilhou a pobre senhora que só queria vender a CAIS e que não estava minimamente interessada em saber o que pensa uma mulher de classe superior.. Ah! Que asneira a minha, não existem classes na sociedade! Somos todos iguais!
Mas não é só nestas situações de óbvia desigualdade que a palavra ganha tons discriminatórios. Quantas vezes, nós próprios, já a utilizámos para discriminar de forma pejorativa alguém? Quem nunca se referiu, ao falar com um amigo, que “vocês, os do Benfica, do Flamengo, etc” são desta ou daquela forma? Ou num contexto político? Por exemplo, “vocês”, os de direita ou de esquerda agem sempre assim! Num ambiente religioso: “Vocês”, os católicos, os judeus, os muçulmanos ou outros pensam e agem assim!. Mesmo dentro do local de trabalho com um simples “vocês”, os da informática, por exemplo! Ou “vocês”, os professores, os taxistas, os médicos, os jornalistas, os políticos, os pedreiros, etc!
O que este “vocês” tem de violento é que generaliza e faz crer que uma pessoa por exercer determinada profissão, acreditar em determinado Deus, ser adepto de um clube ou pertencer a um partido, pensa ou age de forma idêntica e previsível. Se um católico age mal: “vocês, católicos agem todos mal; se um adepto do Benfica é entrevistado e está bêbado: “vocês benfiquistas são todos uns pinguços!”; se um indigente faz pela vida como pode a vender revistas nas ruas: “vocês os pobres precisam todos de mudar de atitude”. Minha senhora, vocês os bem postos e quejandos têm é de aprender que os valores não dependem do dinheiro e uma mísera esmola não dá direito a proferir sermões aos mais desfavorecidos! “Vocês!”

NOTA: Este texto vai ser publicado na Revista Brasil no próximo mês. Inauguro aqui o hábito de o pré-publicar - julgo que o director não vai ficar chateado.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Não deixes desaparecer a tua criança!

Ao que julgo saber, hoje celebra-se o Dia Internacional da Criança Desaparecida. Não podia vir mais a propósito, tendo em conta o drama do desaparecimento de Madeleine, cujo eco em muito ultrapassou o que seria normal esperar. Mas o meu apelo vai no sentido de não deixarmos também desaparecer a criança que todos somos. Parece lamechas, mas não é...

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Foreman tenta beliscar Ali


Os mitos, cedo ou tarde, acabam por cair ou por ser abalados. Foi o que aconteceu agora com o mais famoso combate de boxe de todos os tempos que opôs Muhammad Ali a George Foreman, em Kinshasa (Zaire), corria o ano de 1974. Em jogo estava o título mundial detido por este último e que que lhe foi arrebatado pelo homem que flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha. O despique decorreu sob intenso calor e Ali - ex-Cassius Clay - utilizou as cordas para encaixar os golpes recebidos, não se cansando tanto. Com mais energia foi com alguma naturalidade que, no oitavo "round", venceu por "knock-out".

Contudo, o pugilista vencido lançou recentemente um livro em que levanta a possibilidade de ter sido drogado. Aqui fica o testemunho de Foreman na primeira pessoa em declarações à imprensa por ocasião do lançamento do seu livro God in My Corner: «Bebi água antes do combate. Subi ao ringue com um gosto de remédio na boca. Cuspi-a durante todo o combate e disse ao meu treinador: estou convencido de que a água que bebi tem alguma coisa. A partir do terceiro assalto comecei a sentir-me muito cansado!»

Claro que pode ser só uma desculpa para se defender de uma derrota que lhe marcou a vida. Talvez não queira assumir que o cansaço que sentiu se tenha devido a uma estratégia menos conseguida. Mas a verdade é que dá uma beliscadela no mito de Ali e da sua vitória mais histórica. Apesar disso, ficam algumas perguntas a Foreman: Por que é que não falou antes disto? Quem lhe teria drogado a água? Com que intuito?


P.S. - Não sou fã de boxe, mas este combate tenho-o bem vivo na memória depois de o ter visto há alguns anos.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Mais uma...

Às vezes as pessoas desiludem-me sempre...
E eu, parvo, continuo a acreditar que o homem é bom!

terça-feira, 22 de maio de 2007

A classificação final 2006/2007

Porto, Porto, Porto!
És a nossa alegria, és a nossa glória!
Dai-nos neste dia, mais uma alegria, mais uma vitória!

Força Sporting, alé. És a nossa Fé!

Benfica, Benfica, Benfica. (três vezes como convém ao terceiro classificado)

Nota de "Índio" lampião: Fora Fernando Santos! Fora Nuno Gomes, Derlei, Beto, Paulo Jorge e quejandos. Fica Miccoli, Simão, Rui, Léo e outras mais valias.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Quanto vale um Zero à direita?

O candidato mais à direita para a Câmara Muncipal de Madrid, Alberto Ruiz Gallardón, resolveu dar uma entrevista de fundo à revista Zero. Nada de extraordinário não fosse esta publicação ser direccionada para os gays e de se saber a posição daquele partido em relação a esta temática. Inclusive, este senhor tema na sua lista a mulher de José Maria Aznar, ex-primeiro ministro espanhol, que é conhecida pelas suas posições, por exemplo, contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo cuja lei foi recentemente aprovada no país vizinho. Ana Botella não foi, contudo, impeditivo para que o mais provável das eleições para a Câmara madrilena desse a referida entrevista. Aqui fica uma parte da notícia publicada no DN a este propósito: «O presidente da câmara de Madrid, Alberto Ruiz Gallardón, provável vencedor das próximas eleições, apareceu esta semana na capa da revista gay mais conhecida de Espanha - a Zero, que já entrevistou Zapatero duas vezes e que tinha, para este número, como primeira escolha, o rival de Gallardón na corrida eleitoral. Mas Miguel Sebastián, socialista, recusou o convite com a enigmática frase "mais por motivos políticos que pessoais". Gallardón disse que sim, para surpresa dos editores da revista, que nunca tinham conseguido um político de direita para a capa. O alcaide, que não esteve ao lado do PP quando este interpôs um recurso no Tribunal Constitucional para anular a lei que autoriza o casamento de homossexuais, recebeu os dois jornalistas no seu escritório. E respondeu a todas as perguntas, incluindo a que questionava a número dois da sua lista, mulher do ex-presidente de Governo José Maria Aznar. Mais de uma vez, Ana Botella mostrou-se publicamente contra as leis de igualdade para os homossexuais.»
P.S. - Cá no burgo fiquei a saber que o próximo dia 10 de Junho vai acumular mais uma celebração. Até hoje foi dia de Camões, de Portugal e das Comunidades. A partir deste ano vai passar a ser também dia da Tropa, mesmo assim como se tivesse sido dito por algum concorrente de um qualquer BB da TVI. Que mais celebrações podemos acumular nesse dia? Talvez o dia da Poupança! Um país que num só dia consegue comemorar quatro situações, só pode ser muito poupadinho...

terça-feira, 15 de maio de 2007

BREAKING NEWS: Bush demite-se!

A gafe da CNN encheu de esperança todo um eixo atlântico. Mas afinal foi só o texto a fugir para a verdade desejada de um editor mais ansioso quando anunciou a saída de Tony Blair do partido Trabalhista e do governo britânico. Foi uma espécie de lapso freudiano do jornalismo/política. O engano demorou alguns breves segundos a ser corrigido. Foi pena!

Filmes Smoke Free

Os hipócritas norte-americanos voltam a atacar o cigarro que idolatraram nos filmes mas que agora só se vê nas bocas dos maus das fitas. Mas Hollywood vai levar mais longe esta perseguição ao passar a classificar os filmes de acordo com o número de imagens de pessoas a fumar. Segundo o Diário de Notícias "a partir de agora, três questões passarão a pesar na hora de classificar uma película onde apareça tabaco. A saber: fuma-se de um modo que encha o ecrã? O acto de fumar apresenta-se como algo associado ao glamour? Existe ou não um contexto histórico ou outro factor que ajude a mitigar o acto de fumar? É depois de avaliar pormenores como estes que a MPAA classificará os filmes como mais ou menos perigosos para as crianças".
Tudo isto para haver um equilíbrio entre arte e saúde na infância. Porque esta medida vai fazer com que as crianças só possam assistir a filmes em que apareçam fumadores de forem acompanhadas por um adulto. Ou seja, o tabaco recebe o mesmo tratamento do sexo e da violência. Julgo que o tiro vai sair pela culatra aos protagonistas desta medida, pois quanto mais se esconde, mais é desejado. Que eu saiba, o sexo e a violência não terminaram nos Estados Unidos apesar das medidas fortes de restrição. Ah! As crianças não podem ver fumar nos ecrãs, mas têm todo o direito, according to the Bill of Rights, de terem uma arma de fogo... É menos nocivo!

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Uma vida Le Cool


Uma revista on-line com boas sugestões. Parece-me muito bem.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

A "minha" Super Mulher

Li no Bola na Área - de onde aliás pirateei esta foto - que o jornalismo
desportivo devia de dar mais atenção à Vanessa Fernandes. Concordo em pleno e acrescento que ela merece muito mais do que as divas futebolísticas ou seus derivados. Esta mulher é mesmo Super, sem aspas e com letra capital. Nada 1,5 km, corre 10 km e anda de bicicleta mais 40. É fenomenal e ainda é a número 1 do ranking mundial. Mesmo que os jornais desportivos não lhe dêem a devida atenção, a verdade é que as pessoas lhe reconhecem o mérito, como se pode ver na foto.

terça-feira, 8 de maio de 2007

O que é humano pode ser estranho?

«Sou humano, e nada do que é humano me é estranho!». Esta frase, que me foi dada a conhecer por um amigo e consta de uma peça chamada "Heauton Timorúmenos" (O atormentador de si mesmo), serve na perfeição como epígrafe, embora contraditória, a estas duas estórias que me assaltaram hoje. E deixa também antever a fraternidade existente entre os homens, isto numa perspectiva socialista de homem-bom e não na outra mais social-democrata de homem-mau.
A verdade é que há coisas que, apesar de ser humano, me fogem à compreensão. Hoje, na minha habitual deambulação pelo Saldanha e arredores, vi um velho a andar curvado sobre si mesmo num ângulo de noventa graus, com as mãos nas costas que transportavam uma bengala e uma mala de mulher. Várias perguntas: De quem era o saco? Se era do próprio, porquê um saco de mulher? Faltava ali a parelha feminina? Seria o saco de mulher mais ao seu gosto? Porquê a bengala se ia na mão e não a ser utilizada para o seu fim? No fim da rua, vi o homem a endireitar-se, esticando-se, voltando à posição de curvado. Continuou caminho, pareceu-me que ia também a falar sozinho...
Serve esta última frase como deixa para o segundo humano incompreensível da hora de almoço. Um homem também, bem vestido e calçado, com bom aspecto apesar de já quarentão, dirige-se com toda a pressa do mundo a um caixote do lixo, dos milhares verdes que existem agarrados aos postes de Lisboa, e começa a falar para a pequena abertura como se estivesse lá alguém preso dentro. Após esta primeira abordagem, fica recostado no mesmo caixote enquanto come uma sandes e fala com o seu amigo imaginário, penso eu! Mais perguntas: Quem é que estava dentro do caixote? Por que é que só aquele homem é que ouviu quem lá estava dentro? Estava alguém ou algo lá dentro sem ser lixo? Por que é que as pessoas que passavam não estranharam a situação e continuaram como se nada fosse? Têm medo do que é diferente?

Poesia muito barata mas libertadora na mesma

ENSAIO I

Quando não se gosta e se faz
E se ama aquilo que se não tem
É uma força pugnaz, cheia de ambição
Um eterno vai e vem
Algo que cresce sem parar
A luz esmorece e vem a cor de azeviche
Fecha os olhos, vai...
Sonhar é sempre melhor

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Sarko e Joja



Tenho andado a pensar no que é que o destino, a vida, o devir, a coincidência e até a providência, andaram a pensar para, no mesmo dia, Alberto João Jardim e Nicolas Sarkozy, vulgos "Joja" e "Sarko", serem eleitos presidentes dos respectivos governos... E penso, e penso, mas não chego lá.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Para blogar melhor


Vale a pena dar uma olhada. Não só pelas dicas, mas pela forma como a navegabilidade da edição é feita. Estamos quase lá, só falta um interface mais inteligível, agradável ao tacto e ao olhar, e mais portabilidade.

E eu a vê-los passar!!!


Era, mas já não é!
Depois, pensei em vender a minha consciência. Alguém interessado?

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Sarko, 1-Ségo, 1


A política e o futebol andam imiscuídas há muito tempo, por serem ambas duas temáticas que ultrapassam em muito a razão, embora a primeira não devesse ser assim. Não quero aqui falar dos tristes exemplos que temos no nosso país desta relação, mas sim salientar a importância do futebol nas sociedades. O mesmo futebol que foi vituperado, há não muito tempo, por alguns intelectuais ressabiados que hoje saem debaixo das pedras do anonimato para dizerem que afinal até percebem daquele desporto. É ver realizadores de cinema, actores, apresentadores de TV, ex-jornalistas económicos a falarem de futebol agora sem vergonha, sem correrem o risco de serem chamados de energúmenos pelos seus pares.

Para melhor explicar a importância do futebol e da sua envolvência social e política, aqui fica o excerto de uma notícia publicada hoje, no DN, acerca do debate presidencial em França entre Sarko e Ségo:

«O debate foi realizado pelo homem que revolucionou a forma de filmar os jogos de futebol em França. Quanto ao decorador do estúdio, inspirou-se no tecto oval do Stade de France, o célebre estádio parisiense, com efeitos à volta como se fossem bancadas. A cor da plataforma sobre a qual estava a mesa do debate era azul, a cor dos bleus, os futebolistas que galvanizam os franceses. Enfim, a audiência que a TF-1 e a France 2 esperavam para ontem era entre 20 e 25 milhões de telespectadores, número só comparável a uma final de Campeonato de Mundo. Tudo por um encontro dos dois a quem os franceses gostam de chamar simplesmente Sarko e Ségo.»


P.S. - Li uma notícia no CM que diz, grosso modo, que o consumo de droga é menos penalizado que o consumo de tabaco. Portanto, vai passar muita gente a passar a fumar o SG Ganza, em vez do tabaco comum! São estas leis ridículas que fazem com que o sistema judicial esteja em descrédito e desfazado da realidade...

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Pubalgia!

Aí está algo que nunca me tinha tocado até ontem. Ao que parece tenho de descansar e fazer alongamentos...

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Ainda bem que a poesia não tem religião, só fé!

Resposta do poeta Adónis, candidato a Nobel da literatura, em entrevista ao El País, indagado sobre se a poesia foi/é uma arma do islamismo:
«Los poetas hasta ese momento tenían la verdad, pero a partir de entonces perdieron su posición. El islam cargó por primera vez la poesía de ideología, y quiso ponerla a su servicio. Los poetas y críticos de aquel momento estuvieron en contra del sometimiento. Un gran crítico de la época dijo que si la religión influye en la poesía ésta acaba en nada. La gran poesía es laica.»

quarta-feira, 25 de abril de 2007

terça-feira, 24 de abril de 2007

Salazar deve estar satisfeito...




Há dias a Câmara Municipal de Santa Comba Dão resolveu impedir uma romaria à campa de Salazar para assinalar a data do seu nascimento, 28 de Abril de 1889. Parece-me uma medida anti-democrática e sintomática do que parece ser, aos poucos, a substituição de uma ditadura por outras mais pequenas e mais dificeis de controlar. Esconder que Salazar existiu é o mesmo que os alemães quererem camuflar Hitler, o que fizeram durante muitos anos com visíveis repercussões nas mentalidades das gerações seguintes que sentiram um vazio inexplicável. Na teoria da psicologia dos povos não se pode apagar uma memória por má que seja, mas sim aprender a lidar com a mesma por forma a causar o menor estrago possível. Mas cá no burgo em vez de se dar uma lição de democracia, permitindo que um grupo de pessoas se exprima livremente, resolveu-se fazer um tributo ainda maior ao alvo da hostilidade. Isto é, agiu-se como no tempo de Oliveira Salazar. Deve estar satisfeito na sua campa em Santa Comba Dão ao ver que os seus mandamentos ainda perduram sob uma patética fachada democrática. É que a democracia é a liberdade de expressão sem pôr em causa a dos outros. O debate de ideias tem disto, opiniões diferentes, divergentes, diametralmente opostas. E é difícil aceitar outra opinião que não a nossa? Salgueiro Maia e companhia acharam que não. «A revolução faz-se para que tu e outros como tu não tenham de sair do país para se poderem exprimir!», disse o militar a Adelino Gomes, jornalista, quando este o indagou sobre os motivos do que estavam a fazer naquele 25 de Abril de 1974.
P.S. - Afinal, mudaram de ideias, o que me parece bem: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=13&id_news=273200

Cada vez mais próximo


O sol a três dimensões
Um azul marinho de morte
E nós cada vez mais sabichões
Sempre à procura do Norte

Faz hoje 25 anos que nasceu o Spectrum 48 K. Vinha para o trabalho de manhã quando ouvi na rádio os sons inconfundíveis dos jogos, em cassetes, a "entrar". Demoravam dois a cinco minutos e era uma lotaria. Mas quando entravam, era uma festa e podia durar horas. Gostva muito do Sabateur, do Chuckie Egg e do Matchday. Aqui fica um link para quem quer matar saudades num jogo on-line: http://ultratech.no.sapo.pt/index.html.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

«Mi Sueño», es tan bueno


Fue debajo de lluvia intensa que compré un sueño, no es mío, pero es de un hombre que soñó.

«Mi Sueño », es de Ibrahim Ferrer, la buena voz de Buena Vista Social Club...

O belo, a arte, o metro, sufocar a poesia

Vivemos com tanta pressa, com tanta sofreguidão para evitar todos os perigos - alguns imaginários - que nem reparamos naquilo que é belo, que pode estar ao alcance de uma mera paragem para fruição. Ignoramos a simplicidade e somos, sobretudo, desconfiados. O que é arte? É, para mim, o que foge ao normal curso do que nos é dado. É algo incontrolável, como a vida, e belo e violento como o amor. Um quadro de Picasso num restaurante é arte? E um urinol nas paredes de uma galeria conceituada é arte? E um violinista famoso a interpretar obras de grandes músicos com um violino raro numa estação de metro é arte? Foi isso que o Washington Post tentou perceber:

«Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas
do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de
Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma
atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal
"Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e
contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um
Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.
Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os
melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi
ostensivamente ignorado pela maioria.
A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição
do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o
jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois,
lentamente, sufocada dentro de todos nós

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Burros e internacionais


Finalmente começamos a fazer uma aproximação àquilo que nos pode ajudar enquanto povo. Já temos a identificação feita do que nos dá reconhecimento internacional, além do Mourinho e do Cristiano Ronaldo. E é o quê? São os burros, algo que abunda na nossa terra. Os jumentos retratados no trabalho são só de Trás-os-Montes, mas o critério utilizado foi o do particular para o geral, o que quer dizer que os asnos de todos o país não se devem sentir excluídos. Fiquei a saber disto nesta notícia publicada no Diário Digital:

Documentário português sobre burros premiado em Budapeste

«A curta-metragem "Onze burros caem no estômago vazio", de Tiago Pereira, filme baseado em histórias com burros no nordeste transmontano, ganhou, no fim-de-semana, em Budapeste, o prémio para o melhor documentário etnográfico europeu, disse hoje à Lusa o realizador. O prémio foi alcançado no Festival Dialektus de Budapeste, que se realiza na Hungria desde 2002, tendo em competição documentários e filmes antropológicos e que este ano decorreu entre 10 e 14 de Abril.»

terça-feira, 17 de abril de 2007

Xutos... da vida

«Sim!, disse o leitor encantado, é sensato, é genial, compreendo-o e admiro-o. Eu próprio pensei cem vezes a mesma coisa. Por outras palavras, esse homem lembrou-me a minha própria inteligência e, por conseguinte, eu admiro-o.»

Coleridge

Perante a vida, existem várias questões que se nos colocam. A música às vezes ajuda-nos a traduzir aquilo que pensamos e foi isso que fizeram hoje os Xutos durante a minha exasperante seca profissional. Aqui fica um "medley" de letras:

Se:

«A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se à espreita

Nunca sei um passo
Que fosse correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo»

Mas não desanimo porque há mais sonhadores com esperança:

«Pensas que eu sou um caso isolado
Não sou o único a olhar o céu
A ver os sonhos partirem
À espera que algo aconteça
A despejar a minha raiva
A viver as emoções
A desejar o que não tive
Agarrado ás tentações

E quando as nuvens partirem
O céu azul brilhará
E quando as trevas abrirem
Vais ver, o sol brilhará
Vais ver, o sol brilhará»

Mas para isso tem de se fazer escolhas, nem sempre fáceis:

«Tempo que perdes sem decidir
Tempo que gastas sem arriscar
Espaço que te foge das mãos
As coisas que deixas passar

Sai p'ra rua, sai p'ra rua

Deixa o rebanho, pára de pastar
Esquece o conforto do lar»

E se a decisão for partir:

«Adeus vida atinada
Dos horários e das bichas
E das gripes do inverno
E do suor do verão
Adeus vida atinada

Adeus às praias
Cheias de gente
E um beijo p`ra quem fica

Adeus vida atinada
Ter de dormir sete horas por dia
Ir para o trabalho e ainda é de noite
Sempre o mesmo a todas as horas
Adeus vida atinada
Das mil maneiras de passar fome»

É ir e não olhar para trás:

«A carga pronta metida nos contentores
Adeus aos meus amores que me vou
P'ra outro mundo
É uma escolha que se faz
O passado foi lá atrás»

Meramente uma hipótese académica com alguns contornos de realidade.

O beijo


Ela chora descompassadamente, com as lágrimas a inundarem-lhe de sal a cara com os traços tristes. Um beijo atenua-lhe toda a dor, fá-la sentir de novo a regressar a vida. Ruboriza ligeiramente enquanto uma mão quente lhe afaga com carinho a face, puxando-a de encontro aos seus lábios que funcionam como porto seguro no meio da tempestade de lágrimas que continua. Perdem-se de vez num longo beijo, cheio de tudo o que a vida tem. Olham-se com cumplicidade e entendem que se amam. Dura há pouco mais de dez segundos este beijo; podia ser dado às claras, mas o pudor e o preconceito alheio impedem estas duas mulheres de saírem detrás da coluna de uma arcada comercial que as protege dos olhares mais perniciosos. É pena que assim seja!

segunda-feira, 16 de abril de 2007

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Ю́рий Алексе́евич Гага́рин


Yuri Alieksieievitch Gagarin foi o primeiro homem a visitar o espaço cósmico. Media 1.57 m para caber no minúsculo cubículo da Vostok 1, a nave que o levou no dia 12 de Abril de 1961. Com a cabeça no espaço disse que «a Terra é azul» e desde aí que o nome de baptismo colou. O planeta azul continua cá e na mesma cor!

Se fosse cá, caíria o Carmo e Trindade do Minho a Timor cheio de hipócritas que não se sabem rir de assuntos sérios

O comediante Ricky Gervais no seu melhor. Vale bem os oito minutos e vinte e cinco segundos. Este vídeo chegou ao meu conhecimento através do Corpo Dormente do Bruno Nogueira:

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Os sonhos, esses sonhos

De uma vez só o sonho esfumou-se e não chegou a virar-se para o sol. Escolheu mal o lado e deitou-se na sombra, secou e foi misturado na terra. Desapareceu e foi fazer de matéria para outros sonhos que se esperam mais exequíveis, menos problemáticos e, contudo, mais aliciantes. Sonhou com ela e teve medo. Escolher mal foi o melhor que fez.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Falar ou não falar, eis a questão!

Por que é que pessoas estranhas se cumprimentam quando estão frente a frente num elevador? Ou despedem-se quando chega o seu piso, mesmo não tendo dito nada na entrada? Talvez porque não aguentam o silêncio que pode ser longo e embaraçoso, pois é contra natura dois humanos num espaço exíguo sem verbalizarem. Talvez tenham medo de que se não falarem o outro lhes adivinhe o pensamento, que até pode ser comum.
Por mim, sinceramente, prefiro o silêncio perante desconhecidos, mesmo em espaços apertados. Mas tenho dúvidas que seja o mais correcto...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Cordial na bicicleta, besta no automóvel!


Há uns dias fui andar de bicicleta com um amigo - começou a minha temporada nas duas rodas. Fizemos 45 quilómetros cheios de curiosidades, além de suor e de esforço. Mas durante este percurso cheguei a uma conclusão: devíamos andar todos de bicicleta no dia a dia. Não houve um ciclista que tenha passado por nós com quem não tenhamos trocado coriais saudações. Também se cedeu a passagem em caminhos estreitos e houve entreajuda noutras situações. Todos foram civilizados. Mas a verdade é que quando entramos dentro do carro transforma-mo-nos em autênticas bestas buzinadoras, refilonas e muitas vezes mortais. Aqui fica o meu pedido: sejam criadas condições para que muitos mais utilizem a bicicleta em detrimento do automóvel no quotidiano. Ganhávamos todos!

Viver tudo em 31 anos...

Ontem, dia 8 de Abril, completei 31 anos. Uma idade que, sinceramente, nunca pensei ter. O puto que eu fui, quando imaginava esta idade, já tinha tudo feito, sonhos sonhados, vidas vividas, viagens viajadas... Mas a verdade é que ainda há tanta coisa por fazer. Como é que um dia um puto imaginou viver a vida toda em 31 anos ou menos?!
O meu aniversário teve ainda uma coincidência cristã. É que foi domingo de Páscoa e foi festejada pelos quatros cantos do mundo católico a ressurreição de Jesus Cristo, que aos 33 anos enveredou por uma vida mais etérea. Só para registar este facto.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Ainda há ardinas!


Pensei que já não houvesse ardinas em Lisboa, tendo em conta que os jornais são comprados em quiosques, papelarias, etc. Mas afinal há e são 300. E mais, têm uma associação! E têm uma guerra com os distribuidores de jornais gratuitos. Mas não são estes últimos aquilo o mais próximo da ideia romântica de ardina que consiste basicamente em miúdos andrajosos, descalços, sujos e inocentes que subiam as ruas com um molho pesado de jornais ainda com fôlego para gritar as manchetes dos jornais? José Matias, o responsável da associação de ardinas, em declarações ao Diário Digital, disse que não: «Não são ardinas e nem sequer os aceitamos como sócios, só as pessoas que têm quiosques legalizados ou que trabalham por conta de outrém nesses quiosques é que são aceites!» E vais mais longe ao dizer que os distribuidores de jornais gratuitos estão «numa situação de ilegalidade».
Polémica à parte, a verdade é que hoje vi dois ardinas no Saldanha a distribuir o que me parecia um jornal, se bem que do oitavo piso de onde me encontrava não consegui ver o título. Mas também pode ter sido um golpe publicitário a aproveitar a credibilidade que os jornais ainda vão tendo. Mas o que conferia àqueles miúdos o ar de ardinas eram as vestes todas em tom de azul, com um boné enfiado até às orelhas e um saco lateral com os ditos jornais. Além da vontade de dar um a todos que passavam. Uma imagem um pouco mais polida do que supracitei, mas igualmente eficaz. Acho que a imagem de um miúdo descalço e andrajoso não vende bem jornais hoje em dia!!!
E ainda há outros ardinas, os que apregoam na internet. Aqui ficam dois tipos que são produtos de uma empresa chamada Dom Digital e que não pagou nada por esta publicidade:
1 – O "ardina.referral" permite a qualquer pessoa assumir o papel de ardina e vender conteúdos de 20 jornais portugueses na internet, recebendo em troca uma comissão, que pode ir até aos vinte por cento. Estes "ardinas" vendem vários produtos, inclusive assinaturas online, em papel, e merchandising.
2 – O "ardina.payments" é um outro produto que se destina a empresas de conteúdos e informação. Este serviço serve para facilitar o pagamento de conteúdos que os sites disponibilizam. Os pagamentos podem ser feitos através de cartão de crédito, MBnet e transferência bancária.

terça-feira, 3 de abril de 2007

E agora?

Uma pergunta pertinaz e que deixa adivinhar algo... algo que não sei explicar por não ter vivido ainda. Uma dúvida que fica e persiste até se desfazer. Como uma ascensão inexplicável, sem nada a temer. Fica a dúvida no ar...

Carlos M. Gomes

quinta-feira, 29 de março de 2007

Como atropelar cinco e ainda fazer esfoliações à beira da estrada

A notícia abaixo foi publicada on-line no Diário Digital e só mostra o que dá (tentar) fazer jornalismo com baixos (ou nenhuns) custos nas pessoas que escrevem. Antes que os arautos e velhos do Restelo venham dizer que os jornais em papel é que são bons, tenho de dizer que podia aqui também postar alguns exemplos desses jornais, mesmo dos de referência. No entanto, peço agora a vossa atenção para este texto:

«Rali de Portugal: Armindo Araújo atropela 5 pessoas (act.)O português Armindo Araújo teve um acidente durante o shakedown do Rali de Portugal e atropelou cinco pessoas na manhã desta quinta-feira, três fotógrafos e um espectador.
O Rali de Portugal nem começou e já fez feridos. Durante o shakedown, Armindo Araújo saiu da estrada e acabou por atropelar três fotógrafos (um partiu a perna, outro o braço e o terceiro sofreu apenas esfoliações) e dois espectadores (ferimentos leves). De salientar que as cinco vítimas estavam num local proibido...
Refira-se que o shakedown é utilizado pelos pilotos para fazerem as últimas verificações técnicas dos seus carros.
Antes do acidente, que danificou a porta direita do carro (o vidro partiu-se, por exemplo), Armindo Araújo já tinha feito um peão.
Recorde-se que o Rali de Portugal, que tem o seu início oficial esta quinta-feira, às 18h00, no Estádio do Algarve, foi retirado do calendário mundial em 2001 devido a falta de segurança.
O shakedown já foi reatado.»
29-03-2007 10:54:25

quarta-feira, 28 de março de 2007

Uma vitória saborosa no Estádio de Alvalade


No dia 27.03.2007 ganhámos o 1.º Torneio Sporting-Kebrostress. Não conhecemos o sabor da derrota, nem mesmo do empate. Falo no plural porque quem ganhou foi uma equipa de pessoas amigas há muito tempo e que, por acaso, se entendem muito bem a jogar futsal e outras variantes do futebol. Aqui fica para a posteridade a foto e a constituição da esquerda para a direita, sendo que equipamos de azul clarinho: Bino, Zé, Alcides, Luís, Paiva, Sérgio, Gerson, Eu, Marinho, João e Ricky. O treinador não consta na fota mas é o Paulo Viegas ou Bolas, como é mais conhecido, por ser magrinho :). Há ainda o Tomané, que foi o adjunto e algumas vezes o principal.

O adversário na final foi a equipa da Cristicarnes e o resultado final foi de 3-2, favorável às nossas cores. Chegámos a ter dois golos de vantagem, marcados pelo Sérgio, mas falhámos mais uma dezena. Esse "pecado" custou-nos o empate, também com uma ajuda forte dos árbitros que eram o típico português com problemas agrícolas: uns nabos com falta de tomates! No prolongamento, o Zé marcou o almejado golo da vitória. Foi sofrido, mas conseguimos. A todos os parabéns, mesmo aos suplentes não utilizados, como eu!!!


Carlos M. Gomes

E onze meses depois...

Foi há onze meses que publiquei aqui o meu último post. O tempo suficiente para ter um filho, diria a minha mãe se lesse isto! Aos cerca de dois leitores que aqui vinham, as minhas sinceras desculpas. O motivo que me levou a abandonar estas lides da escrita em espaço virtual foi tão simplesmente o facto de aqui receber algumas visitas indesejáveis. Bem sei que devia ter sido mais forte, mas não fui. Ainda resisti algum tempo com frases lacónicas e resultados de testes de trazer por casa, mas por fim os maus ganharam e eu afastei-me.
Hoje estou de volta. Não prometo postagens diárias, mas sim de acordo com a inspiração. Não quero, contudo, avançar sem fazer aqui justiça ao último empurrão que recebi - involuntário - para aqui voltar. Aconteceu depois de visitar um blog de uma amiga e para a compensar, aqui fica o link para o Girassol. Mas porque houve outros que me inspiraram depois da sua leitura diária aqui ficam outras ideias com bola na área, mas também com cenas de gaja até ficar com o corpo dormente, mas sem conhecer um final abrupto!

Obrigado

Carlos M. Gomes