quarta-feira, 6 de junho de 2007

Não quero 20 empregos flexiseguros!

Os nossos instintos provincianos disparam para níveis inaceitáveis sempre que vamos aos países nórdicos buscar modelos completamente desfasados da nossa realidade. Primeiro foi o modelo finlandês, agora é o dinamarquês (os latinos da escandinávia!!) aplicado à lei laboral. Claro que é um grande engodo trasvestir uma liberalização completa do mercado de trabalho luso como se fosse o dinamarquês. O "pai" da "flexisegurança", Poul Rasmussen, em recentes declarações à imprensa, explica que os jovens vão mudar de emprego entre 15 a 20 vezes durante a sua vida activa, mas que metade será dentro das mesmas empresas. Adianta ainda que «uma grande parte dos trabalhadores portugueses vai perder o seu emprego e não ter oportunidade de encontrar um novo". E aqui começa o problema é que na Dinamarca a média de tempo que um desempregado espera por outro emprego é de 15 dias, em Portugal é de um ano, para não falar da segurança social que suporta o dinamarquês muito diferente da nossa. Rasmussen assume que a sua solução não é brilhante, mas deixa um conselho: «não se pode competir com salários baixos, mas sim com altas qualificações.»
E digo eu: Ó Rasmussen, nós temos cá um tipo que diz que os salários baixos são uma mais valia competitiva, mesmo para os que têm altas qualificações, assim à laia dos países que estiveram por trás da cortina de ferro. A sorte é que os nossos altos qualificados fogem e depois ficam cá os inúteis para serem ministros e quejandos. E quer aqui apostar, Ó Rasmussen, que vamos ter a sua "flexisegurança" aplicada, mesmo não sendo brilhante, para que as pessoas possam simplesmente ser despedidas quase como escravos, sem direitos nem compensações, para depois andarem um ano ou mais à procura de mais um trabalho flexiseguro!? E quer também apostar que os salários baixos vão continuar em detrimento das altas qualificações?
Mais duas notas finais: Se este ex-primeiro-ministro dinamarquês considera que o seu modelo não é brilhante para a Dinamarca, com níveis de desnvolvimento muito superiores ao nosso, imagine-se a catástrofe se for cá aplicado! E fecho com um aviso: é que se os dinamarquese são conhecidos por serem os latinos da Escandinávia, nós não somos propriamente considerados os nórdicos do sul da Europa. Neste aspecto, devemos estar mais perto do Zimbabué...

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