segunda-feira, 19 de novembro de 2007

ESTÓRIAS QUE ME CONTARAM

O amor não tem mesmo tradução*

Com o frio de Novembro convém que algo nos aqueça a alma, nos derreta o espírito e nos transporte para temperaturas mais amenas ou mesmo muito quentes. Assim sendo, falemos de sentimentos, de amor, amizade, paixão ou outros que sejam. Falo de muitos sentimentos porque tenho alguma dificuldade em perceber a estória que conto este mês somente sob a perspectiva de um. Eu acho que o que explica o que se passou, e passa, é amor. Mas neste caso o amor é lindo, ou é f….. como escreveu em livro o Miguel Esteves Cardoso? Depende de quem lê.
As coisas passaram-se assim: Havia uma cabeleireira de um bairro dos subúrbios de Lisboa que andava infeliz com a vida. O trabalho era mau, o pagamento ainda pior, o namorado tratava-a mal, sentia-se perdida. Decidiu arranjar um escape para tudo isto. Começou a navegar na Internet à procura nem bem sabia do quê. Alguém, que não eu, informou-a de que havia uns sites sociais que promoviam o encontro entre pessoas, nem que fosse só virtualmente. Inscreveu-se em alguns, criou perfis, começou a ter amigos novos, entrou noutra etapa da sua vida triste.
Digamos que a sua “second life” era mais interessante que a primeira. Passadas algumas semanas de reconhecimento, de trocas de mails, de grandes conversas com um amigo virtual aconteceu-lhe o que já não é novidade para quem costuma andar nestas lides: ganhou vontade de conhecer a pessoa por trás do outro teclado. E assim foi, arranjou coragem, encontrou-se com ele e gostou. Trocou de namorado, ficou mais feliz, ganhou sorriso. Tudo como numa estória da Cinderela moderna, mas há um pormenor relevante para que o enredo ganhe outra força: o novo namorado é tetraplégico! Começaram a criticá-la, que não tinha futuro, que a vida ia ser má. Ela fartou-se e fugiram os dois. Não sei onde estão, nem quero saber. Só espero que estejam a viver o seu amor, paixão, amizade e afins com intensidade, com calor e que derretam todo o frio deste Inverno. Os cépticos que vão às malvas e que continuem como as pedras…. frios!

Carlos Matos Gomes

*Texto publicado na Revista Brasil, do mês de Novembro

1 comentário:

Maggs disse...

eu já só sou... esperança!!:p