segunda-feira, 23 de maio de 2005

Benfica até no céu

Demorou onze anos. Foi uma espécie de feitiço que no passado fim-de-semana se quebrou. O Benfica voltou a ser campeão nacional. Encheu de alegria milhões de portugueses. E deixou outros tantos loucos de raiva.
O campeonato foi muito disputado, por baixo na minha opinião, mas o Glorioso acabou por ser o menos irregular entre os crónicos candidatos. Venceu com justiça e muito sofrimento. Eu duvidei que ganhasse, mas ganhou. Trapattoni, um técnico italiano defensor do "catenaccio", por ironia foi quem levou o Benfica de novo aos píncaros. Nunca concordei com a forma como as suas equipas jogam. E continuo sem concordar. Mas como um amigo meu me disse há umas semanas: «O que interessa ao Benfica, agora, é ganhar, o futebol bonito vem depois.» Tive de concordar.
Sem a pressão de ter de ganhar, sob pena de a travessia do deserto ser mais longa, o Benfica tem, agora, condições para evoluir para um futebol mais espectacular, que faça com que as pessoas que pagam para ir ver os jogos se sintam recompensadas. Sim, porque é possível vencer e jogar bom futebol. A "velha raposa" não acredita nisso, mas justiça lhe seja feita, geriu muito bem um plantel curto e com óbvias limitações de qualidade de jogadores. Não se lhe podia pedir muito mais. Ou podia?
A festa saiu à rua após o empate - não poderia deixar de ser um empate - com o Boavista. Fui à nova Luz comemorar com outros 55 mil adeptos o primeiro campeonato daquela Catedral. Foi lindo!! Arrepiei-me. E não pude deixar de ter sempre presente na memória uma pessoa: a minha falecida tia Natália. Foi ela quem me inculcou o benfiquismo. Foram anos a fio a ir à bola com ela. Ver o Glorioso. Ela viu o título a ser comemorado lá de cima, do céu. Acredito que tenha sido uma estrelinha do Benfica durante esta temporada. Este campeonato também é teu tia...

Carlos M. Gomes

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